quinta-feira, novembro 16, 2006





...Só porque não ouso falar de Amor sem a benção de quem está acima de tudo.





A Maior das Sagas( em 4 fotografias)




1-Ele chegou-se.(Do lado de cá)



Tinha noite e a noite tinha lua.
E da dor mais profunda ele veio,irradiando beleza,confiança,graça
e tudo o mais que ele podia irradiar,principalmente nobreza,ele veio pra crescer o menino,que acompanhou tudo como observador que sempre fora.
Veio imponente,em seu cavalo prateado...ele era filho do cósmos.
Pediu licença ás ciências do menino,e vestiu-se dele,fez o menino se tremer.
Era só força o homem nobre,e no alto de sua aparente fidalguisse,se aproximava do menino secando com sua longa capa dócia,as lágrimas de criança que ainda lhe habitavam a face molhada.
Era como um longo abraço,que durara horas e se repetia por eras,um abraço executado só através dos seus olhos,bem abertos e bem reais.
Um homem de gravata florida e sua música inebriavam o ar com sua energia belamente bruta ,o menino ainda,podia sentir a dor ponteaguda cercando seu peito,quase fazendo-o desestir de viver...se não fosse visitado por quem fora visitado.
O guerreiro da força,provedor de todas as luzes.
Tinha ar imponente e nobre,não tinha face,se misturava com o vento na leveza que só os mais nobres possuem,o sujeito não era pouco,era um acontecimento.
Depois de algum tempo no abraço,fez dele quem ele tinha que ser.
E ao entregar ao menino a espada reservada a ele, cravada com 18 diamantes,viu através de seus olhos gelados, toda a bobeira do garoto descascar-se de seu corpo,e dizendo
-"És homem meu moleque,corre atrás do que é teu."
Deu-lhe um beijo na testa,e a música ensurdeceu-se.
O estômago do menino deu uma forte embrulhada,e este sentiu vontade de vomitar,olhou para o céu e quase conseguiu alcançá-lo com a ponta de seus dedos,ou com as pontas triplas de seu duro pixaim.
Tudo se explodiu naquele instante,todos os que tinham algo a aprender,aprenderam naquele momento em diante.
Muito do que era escuro,ficou claro.
E o menino apartir daquele dia deu espaço ao homem que tinha que ser.
O menino se tornara guerreiro e resolvera lutar pelo amor,que é no que acreditava,e no dia seguinte...o menino falou de amor,e defendeu-o com a vontade e a força de um guerreiro que é forte o bastante para virar menino no colo da mulher amada.




2- (No meio dos dois).O tempo.

E no meio de tudo:
O tempo.
Desta vez,diferente da normal formalidade
de passar sem tocar em ninguém.
Nos dias que se seguem,o tempo toma a forma de onda,que passa arrastando quem tiver no meio do mar da vida.
Dá pra sentir os segundos passando,a sensação é parecida com a de pequenos vagalumes,arrepiando a nuca da gente.
Pêlos se arrepiando,e angústia real dizendo a que veio.
Confinado em meu próprio amor...te vejo de longe.
Te imagino de perto.
O que mais mata qualquer guerreiro,é não saber se está ganhando ou perdendo a guerra.Não tenho nenhuma informação do fronte...
O jeito é olhar para o céu pra lembrar da tua gargalhada.
O jeito é chorar encima da lua,já que agora sou mais um daqueles que pode subir lá,tenho passe-livre...
A angústia é viva,quando o guerreiro que tomou o primeiro movimento significante para que desse início a batalha da vida,não sabe quando vai ter que tomar o segundo movimento e apenas descança,reza e pede auxílio aos espíritos mais sábios...além de sonhar,este guerreiro usa a capa azul da oniricidade,ludismo e sonho.
Mas o tempo.
Parecia usar um grande vestido,ou toga,seja o que fosse...era revestido com material que pinicava bastante.
Era mulato,e apresentava-se com feições sisudas,usava a coroa de senhor dos destinos,e acima de tudo,não mostrava para ninguém se era bom ou ruim,pois seu cajado parecia tanto com um cajado do Grande Criador,quanto com um tridente de demônio.
E dando certeza de sua incerteza de intuito,não tinha olhos,e se tinha esses eram cobertos por pálpebras tão grossas quanto sua voz de trovão...ou de bola de neve...não sei ao certo,tudo nele é incerto.
-O que nos resta,é rezar pra que não haja tempo ruim.
...fora a saudade,casada com o tempo que vive gritando no meu ouvido,pedindo para ser incluída na história.



3- Por detrás dos Lindos Olhos.(Do lado de lá)

De uma hora para outra.
Não sei se é fim.
Ou se é dia raiando.
ele jura com água nos olhos que é amor demais.
Eu apenas não sei de muita coisa...
Ele diz,e diz,e me olha e me chora.
Eu tremo,não sei se estou pronta.
Eu me tremo.
Ele se treme.
A vida parece derreter-se mais e mais.
Enfrente a mim,e enfrente a esse menino,
que eu vi virar Homem,bem na minha frente...o mundo.
Agora ele me aparece Grande.
Dizendo que vai me levar...pro céu.
Eu nunca ri dos seus sonhos...pelo contrário.
Sempre fui o maior dos apoios.
Mas como apoiar ele a mexer na minha vida?
Ele apenas abriu sua boca e disse.
Não travou nem um pensamento.
Contou-me o seu segredo que nem ele sabia.
E me jurou que não era fim de vida.
Mas sim belo raiar de Dia!
E eu?
Em todo o seu crescimento pensando em mim,será
que ele não pensou em mim?
Ele cresceu,e eu já há muito crescida.
Não sei se o entendo.
Não há mais como desabafar com o meu melhor irmão.
O que fazer quando o seu conselheiro é o problema para o qual quer ser aconselhado?
Eu o amo.
Mas não entendo,o gigante que carrega no peito.
Ele me disse tanto.
Sobre ele.
Sobre mim.
Sobre o ele em mim.
E Sobre o mim nele.
Nos dias que se vêm,eu sou A interrogação.



4-Encima,acima,por cima.(o amor)

A lua,Deus,a amizade.

terça-feira, novembro 14, 2006



"Os problemas de Fausto não são apenas seus: eles dramatizam tensões mais amplas, que agitaram todas as sociedades européias nos anos que antecedem a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. A divisão social do trabalho na Europa moderna, da Renascença e da Reforma ao tempo do próprio Goethe, produziu uma vasta classe de produtores da cultura e idéias, relativamente independentes. Esses especialistas em artes e ciências, leis e filosofia produziram, ao longo de três séculos uma brilhante e dinâmica cultura moderna. Por outro lado, essa mesma divisão do trabalho, que propiciou a existência e o desenvolvimento dessa cultura moderna, manteve inacessíveis ao mundo em redor suas novas descobertas e perspectivas, seu vigor e fecundidade.
(...)
A cisão por mim descrita na figura do Fausto goethiano ocorre em toda a sociedade européia e será uma das fontes básicas do Romantismo internacional. Mas tem uma ressonância especial em países social, econômica e politicamente “subdesenvolvidos”. Os intelectuais alemães no tempo de Goethe foram os primeiros a ver as coisas desse modo , comparando a Alemanha com a Inglaterra e a França , e com a América em processo de expansão. Essa identidade “subdesenvolvida” foi às vezes fonte de vergonha (como no conservadorismo romântico alemão), fonte de orgulho; muitas vezes uma volátil mistura de ambas. Essa mistura vai acontecer em seguida na Rússia do século XIX , caso que examinaremos em detalhes mais adiante. No século XX, os intelectuais do Terceiro Mundo, portadores da cultura de vanguarda em sociedades atrasadas, experimentaram a cisão fáustica com invulgar intensidade. Sua angustia interior freqüentemente inspirou visões , ações e criações revolucionárias, como acontecerá a Fausto no final da segunda parte da tragédia goethiana. Com a mesma freqüência, porém , ela tem conduzido apenas às sombrias alamedas da futilidade e do desespero, tal como acontece ao Fausto pioneiro, nas solitárias profundezas da sua noite."

Tudo que é sólido desmancha no ar
A aventura da modernidade
Marshall Berman


Web Counter