sexta-feira, agosto 04, 2006






prolegômeno da inversão.


ele me disse vamos que tu me deve e eu não soube o que dizer. depois, tive a impressão de que ele também não sabia muito bem. eu falei desce o barranco vai vai porra. alguém gritou da janela moço eles foram por ali ó e logo em seguida ficou tudo em silencio.

pus a mão no seu ombro e falei deita deita deita. escondi meu rosto entre os braços e torci para o mato alto esconder a gente e disfarçar a minha respiração ofegante.fechei os olhos e rezei senhor do céu por favor deixa eu voltar pra casa pra ela pelo amor de deus me deixa sair dessa caralho por favor eu não quero estar aqui.

eu ouvi ele se levantar. abri os olhos e entre as mãos vi quando ele se esgueirou por entre dois arbustos altos e se agachou mais a frente, numa outra faixa de mato. no fundo do meu ouvido começou um zumbido e eu não entendi que eram os pirilampos. em poucos segundos, o matagal a minha frente se iluminou numa esteira de fogo verde e eu ouvi dois tiros.

o sangue preto desceu pelas folhas longas do capim e a luz dos insetos começou a subir rapidamente. eu não sabia mais o que era noite e o que eram as estrelas.

quinta-feira, agosto 03, 2006






The Cat From Illinöis
And
The Dog From Idaho


"Aos 16 anos matei meu professor de lógica, invocando a legítima defesa – e qual defesa seria mais legítima?—
logrei ser absorvido por cinco votos contra dois, e fui morar sob uma ponte do
Sena, embora nunca tenha estado em Paris.”“
( Campos de Carvalho / A Lua Vem da Ásia )


E mais de milhões de navalhas pararam,cancelando a atividade de todos os suicidas,que naquele momento desistiam de se desistir…
Na sala de aula, uma garota lia a Carta Capital, nenhum dos suicídas era dado aos jogos de azar, apesar de todos apresentarem o perfil perfeito de viciados em sueca.
Um cachorro expelira a última gota de seu mijo, o Sol não fazia barulho e uma série de folhas desmaiaram na calçada que abrigava o colégio, o antigo colégio, onde aparentemente toda a família de Olavo estudara.
Que era o mesmo colégio o qual entre diversas e diversas salas , escolhera apenas uma para ter uma menina que lia a Carta Capital, e essa sortuda escolhida , era uma das salas que vizinhavam por sua vez a sala onde Olavo a pouco dormia com o nariz pressionando o seu caderno onde jaziam apenas: um título de alguma daquelas matérias ligadas as matemáticas, um começo de algum desenho engraçado e sua caneta em repouso tombada levemente rolando por cima de uma letra A.

Seu professor ao fim da aula, muito provavelmente se uniria a seus semelhantes, os suicidas ,e provavelmente teria desistido no mesmo momento em que todos os outros(sem exceção)desistiram, cancelando suas mortes e ou fraturas sérias e graves.
O mesmíssimo momento era aquele em que o cachorro concluiu sua mijada, o Sol se calara e as folhas lambiam o vento até o mergulho final de peito no chão,o exato mesmo momento, e não me refiro a definições previamente estipuladas como segundos, milésimos de segundos, ou qualquer outra coisa que se ache por bem atrelar aos segundos...me refiro a momento, exato momento.

O professor apenas compartilharia este momento usando modos tradicionais de suicídio, se não estivesse ocupado naquele momento com modos modernos de genocídio e com isto,me refiro a conclusão de sua explicação sobre eletricidade.

Foi também, talvez coincidentemente, neste mesmo momento tão supracitado que Olavo acordou...

Foi lento, porém definitivo para o resto do dia, a sua abrida de olhos gloriosa, foi mais um daqueles acontecimentos de enorme relevancia que só engordaram aquele momento já bem parrudo de acontecimentos de enorme relevancia.
Todavia, Olavo não demonstrava muito interesse na maravilha que foi, ele ter acordado, talvez por nunca antes ter se importado com isso, e nem sentir falta nos dias em que não estava.
Não se importara mesmo, nem Olavo, nem a menina da Carta Capital, que apesar de estar na sala ao lado, e por isso não poder ver Olavo, ou do simples fato de não conheçe-lo, poderia ter ao menos demonstrado um pouco de complascencia quanto ao estado de um companheiro de escola...acordado.

O exato oposto, se deu estranhamente...
De alguma forma,os milhões de suicidas puderam sentir a beleza sepucral que o despertar de Olavo exalava, e apenas por isso não deram cabo de suas vidas, olharam para noroeste, pigarrearam e voltaram a viver costumeiramente.

Alguém voltava do banheiro.
Não fechou a porta.

Conservava a tese de que o caráter de uma pessoa, pode ser medido apartir do momento em que ela entra e fecha ou não a porta...

A menina não havia fechado.

Usava uma camisa em que havia um desenho bem colorido de um cão e um gato, e algumas escritas acima com letras garrafais,coisas que Olavo supunha ser inglês, nunca soubera nada de inglês ou se importara com isso.

E a porta aberta.

A menina se sentou numa das fileiras bem na frente, aos risos...talvez ria da grande sacanagem que havia aprontado contra seu caráter desregulando a arrumação da sala.

Um pirilampo adentrou o recinto.
( Ninguém nota)

Olavo não consegue se concentrar nas palavras pobres em animação, mas ricas em conteúdo pobre ,de seu professor e enquanto isso a menina continua sua conversa com a amiga...como pode alguém ser tão abusado?
Já pode sentir o vento frio congelando suas pernas, ouve pedaços de todas as conversas do mundo lá de fora...Olavo tosse alto, para ver se pelo menos assim ela se comove e pensa em fechar a porta...mas nada!

Uma ema adentrou o recinto.
( o professor a nota enquanto sai de sala, e a deseja boa tarde enquanto sai.)

Oras! Por que foi acordar?!
Se dormindo, não tinha encômodos, era rígido como uma escrevaninha, nada poderia lhe acordar a não ser que chegasse a sua hora de fazê-lo.
E ela realmente chegara...tão cedo!
Como gostaria de dormir mais...tinha algumas duquesas mais para visitar e compartilhar chás.
Nunca compreendeu direito como funcionava esta história de acordar.
Acordava como vindo de um vacuo, uma expulsão , uma censura, era como se fosse uma demonstração da vida que ele poderia ter.
Uma pequena amostra grátis...
E num instante não determinado por ele antes de dormir, ele acorda, geralmente após 8 horas de puro gozo.
8 horas apenas...uma vida com esta duração?


Um cangaceiro adentrou o recinto.
( Da poucos passos, e diante da bagunça sai intimidado)


Mas já havia tido esta discução antes e percebido que se o sonho não tivesse duração, não seria sonho, seria vida real que nada mais é que a mesma coisa.
Sendo assim, os suicidas nada mais são, do que pessoas que não conseguem esperar pelo fim das 8 horas.


Um vendedor de Barômetros adentrou o recinto.
( Sentou-se numa das cadeiras ao fundo)

Impaciência tem seus limites, pensou.

Um patinador de gelo adentrou o recinto.
( Olavo nunca patinou no gelo)

O ato de pensar difere os seres humanos dos seres humanos.
E o ato de fechar as portas também...!
Pensa Olavo!
“O sonho de todo hábito é tornar-se vício e o sonho de todo vício é ser considerado virtude, e toda a virtude, ta de saco cheio de toda esta hierarquia.”
Esta frase se encontrava no seu caderno, e embaixo alguém o pedia que pensasse nisso...Olavo nem isso conseguia, estava ocupado demais se encomodando com a história da porta... que continuava aberta!

O seguinte professor adentrou o recinto.
( Não fechou a porta)


Não fechou a porta!
Como seria aquilo possível?
Não havia respeito por nada ou ninguém neste mundo?
Sua carne da testa, se franzia tanto, que a qualquer momento poderia torcer toda a face de Olavo.
Não podia confiar nas palavras de um qualquer que não fecha portas, que os destina ao frio covarde que estabelece tremedeira até na aura!
Iria gritar, mas teria que arcar com as consequências...na sala, o mesmo mesclado de oitocentas conversas diferentes vindas de 35 bocas, não iria mais ficar ali, não naquele ambiente, nem com aquele sujeito mesquinho.
Então ergue o corpo e o braço para pedir permição para ir ao banheiro.
Pede, mas não tem certeza se sua voz realmente saiu da garganta, ou se do fígado...se foi do fígado, esperando que tenha sido mesmo assim ouvido, Olavo se levanta, esbarra na pata esquerda da ema, que faz o barulho que as emas fazem, pede desculpas e corre para sair daquele lugar o mais rápido possível.

O ar livre, cheirava a pipoca, pois Gildo o pipoqueiro estava em ação na frente do colégio.
Os monitores conversavam, o vento parecia bom de lá de fora, o clima decididamente confortante...como respirou fundo!

Refrescou-se ao bebedouro, e só pensava em esquecer a sala de aula e a porta


...que ele deixou aberta!



Ao notar.

Todos os seus pêlos se eriçaram, principalmente os das costas, o pescoço endureceu, suas mãos se fecharam agressivamente.

Uma baiana adentrava pela porta, o recinto.
( Porta que ele mesmo deixou aberta)

Passos lancinados e comedores de tempo, eram lançados por Olavo em quaisquer que fossem as direções pelo colégio.

Não era possível!
Logo ele, deixara a porta aberta, e deixara que uma baiana.( e um testemunha de geová um pouco mais tarde) adentrarem o recinto...

Deixou tudo escancarado! era pior do que todos os outros que haviam deixado a porta aberta, e o pior ...não há mais nada para se fazer..agora é tarde, já havia deixado a porta aberta..mesmo se fechasse-a, Olavo seria apenas o sujeto que deixou a porta aberta e depois feichou-a, sendo ainda o sujeito que deixou a porta aberta!
Onde estava toda a educação que recebera?
Sentia que seus escrúpulos haviam sido comidos...
O sujeito que deixou a porta aberta?!
Que sina maldita!

Sem rumo, cambaleante e chorão, bateu com as costas na sala dos professores, onde o seu professor de física de fala lenta e deprimente que embalara seu divino sono ha pouco tempo( como queria estar dormindo!), perguntou o por que de estar chorando daquela forma desesperadora, e foi até a cozinha buscar-lhe um copo de água com açucar.

Ao ir a cozinha, o sujeito esbarrou em sua pasta que estava encima de uma mesa, mas na pressa nem recolheu nada...

No chão cai, seu instrumento de suicída...sua navalha!

Olavo, não pensa mais de uma vez...pois se tivesse pensado corria o risco de no futuro se parecer com um grande jogador de sueca, por desistir de fazer o que fez!!...que foi não esperar pelo fim de suas 8 horas.

Sangue no chão.


No exato momento em que Olavo fez o que fez, todos os suicidas sentiram um forte sono e se puseram a dormir, tanto os que tinham a cama por perto quanto os que improvisaram uma...


Todos ( sem exceção)incluindo o professor de física, que não voltou para a sala dos professores pois teve uma espécie de mal presságio, este apenas olhou para noroeste, pigarreou e voltou a viver costumeiramente.

Tudo num exato momento,e não me refiro a convenções preveamente estipuladas como: segundos,milésimos de segundo ou qualquer outra coisa que se ache por bem atrelar aos segundos.


O Sol, gritava neste exato momento.

O cão começava a mijar neste exato momento.

Nasciam novas folhas nas árvores nesse exato momento.



E uma garota chegava na última página da Carta Capital.


Fim





...disse ela.



Fim.




HORÓSCOPO

ÁRIES: você está sob a regência de Netuno e isso indica que seus cabelos, a princípio, continuarão crescendo. Quando quiser, corte-os.
TOURO: Você está mergulhado em uma espécie de marasmo. Se jogue, beba, fume, perca a linha e pegue geral. Ah, e afaste-se de sua mulher. Ela é uma vaca.
GÊMEOS: não gosto muito de vocês. Mudem de signo. Ah, e parem com essa cafonice de ficar usando roupas iguais.
CÂNCER: coisas podem acontecer com você. Mas também existem fortes chances de que elas não aconteçam. Fique esperto. Ou não.
LEÃO: você está acebolando muito o bife. Experimente novos temperos para não cair na mesmice.
VIRGEM: evite dar tiros na cabeça. Eles podem acabar te matando.
LIBRA: quando for passar por Botafogo ás 5 da tarde, nunca pegue a Mena Barreto. Aliás, isso vale para todos os signos.
ESCORPIÃO: você está muito gordo. Evite os carboidratos e faça mais exercícios. Ou continue encalhado como eu sei que você está nesse momento.
PIRILAMPO: esse signo não existe. Alguém enganou você.
SAGITÁRIO: você está passando por graves problemas financeiros. Parta uma garrafa de vidro ao meio e você já tem o suficiente para assaltar uma birosca.
CAPRICÓRNIO: Para você, meu amigo, o negocio está preto. Entre pra igreja, para o AA, que gente no seu grau de fudição não é o horóscopo que vai resolver não.
AQUÁRIO: pare de ler o signo dos outros, geminiano. Eu sei que é você que está lendo isso agora. Aquarianos não lêem horóscopos.
PEIXES: sua vida está boa, você está bem de saúde e de dinheiro. Aliás eu nem sei porque você está lendo esse horóscopo, essa coisa de gente acabada que não tem mais o que fazer.

quarta-feira, agosto 02, 2006



SOBRE ELES DOIS

Tell me, why you keep fooling
Little coquette
Making fun of the one who love you…


GG está griffado com areia em alto relevo no convite onde passo os dedos.
Gabriel e Gabriela se casaram.
Tudo lindo como num conto infantil.
E eu orgulhoso de ter escrito as primeiras páginas
assisto a tudo, sentado ao longe.
Os braços de Gabi circundando a cabeça de Ga num sorriso cego.

A noite cai, e pirilampo a pirilampo, centenas de seres fluorescentes vão se acendendo trazendo o céu recém-estrelado até os dois. Nada mais merecido...
Uma dança entre as estrelas.

O vestido dela, combinando em branco e azul clarinho, lembra o de uma fada.
Ele, contraria as tradições, veste branco, erra passos, ri no meio e isso pouco importa, é exatamente por ser assim que o sorriso dela é sincero e seus olhos brilham.
A harmonia com a natureza de Lopes Mendes transforma o casal numa inspiração Shakespereana, eles nem sabem disso pois não se assistem, se são.

Oh, someday you'll fall in love
As I fell in love with you
Maybe the one you love
Will just be fooling too


A música fala mais a mim do que a eles, não creio que dependessem da mini-orquestra tocando pra compartilharem aquela dança... Mesmo assim, fiz questão de depositar uma generosa gorjeta no bolso do maestro pra que ele tocasse como se o amanhã houvesse, mas fosse apenas uma idéia distante. Terno e camisa quase aberta já desprovida de gravata, eu olho pra cadeira vazia adiante, e penso qual dos sorrisos que esteve ao meu lado durante a minha vida deveria estar ali compartilhando essa ode ao amor. Não demoro a descobrir a resposta: Nenhum.

Vejo em cada passo daquela dança, tanto dele, quanto dela, pedaços de mim que já não existem mais, verdades nas quais eu já acreditei, amores pelos quais lutei, vontades que tive... Os dois são em união, abraço, sorriso e olhar, tudo o que um dia o meu amor sonhou ser...

And when you are alone
With all your regrets
You know, little coquette
I love you


A música termina, a dança não, nem o trabalho do maestro. Me levanto pra deixar aquela dança eterna aos olhos de ninguém, retorno à distância da festa deixando o meu amor dançando... em forma de Gabriel e Gabriela

terça-feira, agosto 01, 2006



Diálogo intersubjetivo, primeira parte

Raoninho diz:
esse ta legal
Côcô diz:
ahn?
Raoninho diz:
q q vc achou dos commentas do da costa?
Côcô diz:
já leu?
Côcô diz:
maravilhosos
Raoninho diz:
li??
Côcô diz:
muito bom. as vezes nos ficamos embaçados demais... visão embaçada...
Raoninho diz:
nao, d ontem
Côcô diz:
entra no orkut
Côcô diz:
no seu orkut
Côcô diz:
ninha?
Raoninho diz:
q tem o orkut?
Côcô diz:
nao chegou?
Côcô diz:
nada?
Côcô diz:
responde rapído
Raoninho diz:
caramba
Raoninho diz:
chegou
Côcô diz:
e aí?
Raoninho diz:
somos nós?
Côcô diz:
aham!
Côcô diz:
gostou?
Côcô diz:
responde rapido q eu quero dormir...
Raoninho diz:
complementares ou paradoxais?
Côcô diz:
os dois, né raoni...
Côcô diz:
me poupe
Raoninho diz:
comp;ementares ou paradoxais?
Côcô diz:
os dois, me poupe

Raoninho está usando uma versão do Messenger que não dá suporte para winks.

Côcô diz:
nenhum dos dois, me poupe
Raoninho diz:
tai ainda?
Côcô diz:
aham
Côcô diz:
to

segunda-feira, julho 31, 2006



Ah, eu vou te contar uma história sem pé,
nem cabeça,

Poço. Fundo. Bobo. Chato. Tal. Asa. Inseto. Mosca. Sopa. Parede. Elefante. Menino. Menina. Samba. Relógio. Castelo. Lápis. Avestruz. Microfone. Palco. Teatro. Merengue. Ilusão. Infinito. Sapato. Sorvete. Serpente. Sabugo. Senhora. Lagosta. Vacina. Merda. Frango. Gripe. Atchim. Opa. Isso. Sem. Com. Nada. Virtude. Tchekhóv. Tempo. Amor. Querida. Olá. Como. Trunfo. Potência. Azul. Vermelho. Amarelo. Atitude. Verde. Laranja. Sempre. Nunca. Fui. Foi. Ótimo. Palavra. Edifício. Peixe. Sexo. Namorada. Lembrança. Disco. Santo. Nave. Ópera. Whisky. Nove. Sete. Dois. Vinho. Zero. Fluxo. Débil. Sou. É. Fim. Tombo. Saco. Jujuba. Suco. Neve. Leão. Zebra. Doente. Maca. Cama. Diabo. Selva. Torneira. Marionete. Não. Está. Mais. Lendo. Interrogação. Sapo. Vórtice. Gráfico. Já. Cansou. Pirilampo. Verdade. Leve. Costas. Pois. Bem. Nuvem. Chave. Bola. Manga. Fruta. Olho. Nariz. Semblante. Porco. Gado. Febre. Dor. Ainda. Aqui. Seu. Barra. Sua. Bobo. Parênteses. A. Outro. Chega. Fumaça. Foice. Faca. Folha. Fel. Faça. Força. Feliz. Folia. Fim. Eu. Mais.

nem história.


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