sexta-feira, setembro 01, 2006





Projecto.


(para a minha sereia, presa em baixo do gelo fino do lago.)


1 Cinco primeiros versos para poemas sobre neve.

1.1 neveneveneveneveneno.
1.2 as pernas e os pezinhos congelados
1.3 numa tarde em Katmandu, tu soltastes
1.4 gozai, deus.
1.5 rasguei as cartas que você não me mandou


2 Quatro versos finais para poemas sobre neve.

2.1 sob o sol, até você derreter.
2.2 e nunca mais abri a geladeira.
2.3 minhas pupilas, calotas polares derretendo a noite.
2.4 cai.


3 Três metáforas possíveis para neve.

3.1 caspa divina
3.2 chuva de marfim
3.3 idéia do branco, com peso
3.3.1 Em inglês, uma variação interessante: blank spot


SUPRINDO NECESSIDADES.

Em nome dos meus companheiros que devido a problemas não conseguiram postar, tento humildemente suprir a necessidade dos que gostam de ler este blog com um texto extra...


Especificidade.

Podia falar da minha vida inteira, mas escolhi um só momento
Podia falar de quaisquer das mulheres que amei, mas escolhi você
Podia falar as partes exuberantes e arrogantes de teu corpo,mas escolhi teus braços.de todas
Podia falar de como eles se mexem fronte ao vento quando andas ou o quanto que eles fazem força quando você planta bananeiras.
Mas resolvi falar não de quando ou quanto é enluarado quando eles se envolvem em meu corpo estranheforme, mas quando ou quanto foi enluarado quando eles se envolveram em meu corpo estranheforme.

Podia falar sobre os seus carinhos e beijinhos, mas escolhi aquele abraço.
Podia falar do quanto te amo, mas escolhi aquele abraço.
Podia falar do céu que cai , mas escolhi o teu abraço.
Podia falar de qualquer corpo cósmico que olhavam nossos corpos cósmicos , mas escolhi a Lua, que me sorriu com o teu abraço.

Podia falar das paredes do quarto que desmoronavam e depois se dissolveram e viraram pipoca, meus brinquedos que riam como teus belos ombros de moça.Ou a insandecida vontade de te envolver com tanta gana que transformaria você e mim.Ou a fome africana que eu senti nas narinas ao respirar o teu perfume.
Podia perder tempo lhe dizendo quem eu realmente sou, mas prefiri dizer o que eu poderia ser...poderia ser.

Poderia ser morto envolto em teus galhos, Poderia ser foguete e nos desvenciliar do chão, Poderia ser qualquer coisa e depois de sentir sua mão se despedindo das minhas costas...eu finalmente sou.Mas não, preferi não falar do ódio que suga meus olhos quando sei que oferece maior vontade de carinhos e beijinhos á outros, mesmo quando eu ,você e aLua sabendo que eles não são dignos

.Podia falar do quão em casa me sinto refletido nos teus olhos...mas isso é assunto para outros desabafos.
Podia falar do quão repentino podem se tornar 22h de abraço teu.
Podia tentar explicar que minha alma fica maculada em saber que apesar de teu abraço ser tudo o que tenho, será para sempre tudo o que de ti terei.Mas resolvi que só quero lembrar sonhante do dia em que nossas almas eram placas tectônicas não ligando para as consequências catastróficas do momento.

Preferi falar daquele abraço , e me condene quem quiser!
Podia falar que a maioria de teus outros abraços ( quissa melhores) não são dedicados a mim.
Podia falar que a minha morte e ruína vai tomar isto como base filosófica para seguir com sua existência.Mas quiz transcender das dores como fiz da vez em que me abraçou e me fez sentir como se o mundo fosse derreter naquele momento.

Podia falar que teve muito mais significado para mim , do que para mim ou para você, ou para eu e você.
____ Podia falar que na verdade eu não te amo!
Diversos são os motivos para que eu escrevesse outros poemas, mas preferiria não saber escrever a não saber abraçar.Antes teu abraço do que a sorte, antes teu afeto do que o mundo, antes teu perfume do que a vida, antes o teu ombro do que a propria Lua.( que não tem ombro)Mas não qualquer abraço teu, nem qualquer afeto, ou qualquer perfume nem mesmo qulaquer ombro.
Quero aquele abraço mais do que o melhor dos abraços que puderes produzir, quero aquele afeto mais do que qualquer outro que pudesse imaginar em algum dia conservar por um leguelhé, quero aquele perfume mais do que toda a festa de aromas regente no éden , e quanto ao ombro ...eu quero o teu esquerdo, que foi o que me sorriu naquela noite.

Podia desejar todas as expressões que já te vi fazendo, mas tenho ganas maiores de uma só , a que costurou-se em sua face no momento em que nos soltamos...você parecia querer mais.
Podia te pedir perdão por não saber amar e te amar tanto...acho que te amo mal.
Podia engolir minhas dores em garganta petrificada de mortal emberbe em um vão...um vão enorme.
Podia tentar entender, por que a Lua?Mas resolvi dar aulas a mim...resolvi morrer...resolvi chorar.




Canção da Calota Polar






A partir da partida da parte mais cipante do eu, esmaeceu-se minha visão.
Andava eu nos becos ,mesmo estando parado, apenas em poucos pedaços, eu inteiro era poucos pedaços sem minha parte mais querida e a cada dia eu era menos e lá pra quinta- feira eu já era sete nonos do que eu costumava ser e nove desesseteavos do que eu teimava em tolamente esbravejar que era.
Desafiei a gravidade da gravidade e forcei andar sem minhas pernas.
Iceberg.
Fria calota dos polos.
Clanck!!
Minha parte se soltou de mim e foi boiando para longe do mais tolo dos icebergs ; gelado, fixo em bases ditas sólidas ,mas que fácilmente podem rachar-se e converter-se em líquido, o líquido frio que foi levando meu enorme e mais estimado pedaço de gelo pelos mares gélidos que rumam lugar nenhum e me deixando cada vez mais desprotegido do Sol quente que só me derretia e me levava a inconscientemente a engrossar o núcleo malévolo de água que só te afastavam do meu peito, meu ódio era correntesa...eu te conduzindo para longe de mim.
Se só um abraço fosse sufisciente, Plutão ainda seria um planeta, mas minha índole pede todos os abraços do mundo que você puder e os que não puder também.
Quero te colar novamente,pedaço de mim,vou ingeri-lo feito doga ilícita que faz minha alma estar anormalmente delirante por estar finalmente normal.


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