sábado, agosto 19, 2006




senhor, tem algo estranho entre os seus dentes.


Isso é um sonho. Você está usando um longo pano preto que cobre todo o seu corpo. Logo vem o pensamento esse pano preto e velho não combina com o conforto e o calor que eu sinto, seguido por o outro lado desse pano preto e velho é de veludo cor de sangue. Ainda envolto na manta e nos dois pensamentos consecutivos, duas mãos – a relevância do paralelismo entre as mãos e os pensamentos poderia ser uma questão para você, mas não será – deslizam pelos seus ombros e levam o pano para longe.

As duas mãos fazem parte de duas jovens nuas que agora carregam a manta de veludo vermelho embora. Você está nu. A vergonha que você sente parece estar indissociavelmente conectada a idéia de que todos os olhos no salão (você esta num salão) estão focados no seu pau – se você pudesse analisar esse sentimento talvez achasse a idéia absurda, mas você não analisará. Você olha em volta e agora pode deixar a imagem da imagem do seu pau ir embora e se concentrar em entender o que está se passando na mesa central.

Sobre a mesa estão mulheres agachadas de cócoras com seus vestidos levantados. O pensamento são vinte duas vem antes mesmo que você pudesse contar quantas são – coisa que você não fará. A longa mesa de mármore tem todos os lugares ocupados, exceto um, entre duas mulheres que usam máscaras. Você sabe que a cadeira é sua e caminha em direção a ela.

Enquanto caminha, você sabe que está tarde e que em algumas horas seus pais chegarão do cinema. Você olha para o teto e – apesar de não reconhecer os afrescos – sabe se tratar da capela sistina. Você puxa o assento. Uma das mulheres segura o seu braço e a outra pergunta:

Qual é o meu nome?

O pensamento qual é mesmo o código te assusta, pois já te perguntaram a senha na entrada e você não se lembra do que respondeu. Você reconhece as duas mulheres - não pelos seus rostos, mas por uma estar usando uma máscara preta e velha e a outra uma mascara de veludo cor de sangue. Instantaneamente, como reflexo de reconhecê-las, você diz:

Você é coelho.

E você sabe que dizer isso equivale a dizer não sei e que não sei é a resposta correta. A mulher que segurava seu braço, passa a mão entre as suas pernas, mas você não tem coragem de virar e encará-la nos olhos.

Você senta no tampo da privada – você poderia questionar porque que a cadeira não era mais de madeira e acolchoada, mas você não o fará – e repara brevemente na mulher a sua frente, de cócoras sobre a mesa. Esses pratos são como os da casa da minha vó passa por você, seguido por minha vó é feita de porcelana e os dois pensamentos casam perfeitamente. Você volta a prestar atenção na mulher agachada sobre a mesa.

Ela segura o vestido roxo para cima e sua calcinha está algemando seus pés. Você enxerga a racha dela e esse movimento vem associado ao pensamento eu nunca usei essa palavra. Você se sente mal olhando sob o vestido dela e sente que ficar enjoado. Ao invés do enjôo crescer, o seu pau fica duro.

Você se sente envergonhado novamente e tenta esconder o pau segurando-o com ambas as mãos. Mesmo com o barulho dos copos e talheres – todos os copos e talheres estão parados na mesa e se você pudesse se lembrar, perceberia como não havia barulho nenhum; mas você não se lembrará – você sente que todos observam você. A vergonha se transforma em uma espécie de sufocamento e você aperta o seu pau com todas as forças.

Enquanto isso, as mulheres em cima da mesa também fazem força. Você sente que, como num tubo de pasta de dente, você esta espremendo todo interior do seu pau pra fora. Você não olha para baixo da mesa com medo do que vai ver. Em cima da mesa, as mulheres soltam um gemido morno enquanto fazem força. Com medo de sentir um dor aguda quando parar de se apertar, você se concentra em olhar para a racha da mulher a sua frente.

Você não consegue ver mais nada a não ser seu cú.

Você percebe que ela vai

sexta-feira, agosto 18, 2006





O Terrível conto de Viana


A lua parecia mais uma explosão , Viana parecia mais uma explosão por si só...
Aparentemente, não tinha corpo, o enorme resto de carne que tinha pendurado em sua alma era realmente temente á gravidade e a cada vez mais, podia sentir e queria não fazê-lo.
Não estava exausto... era exausto já a um longo tempo, sua coluna se envergava, contorcia e ás vezes dava chicotadas em suas costas tentando motivá-lo a trabalhar.
Estava em seu primeiro ano ali, e não estava gostando.
O escritório parecia muito pequeno, e realmente era.
Viana só gostava como se fosse sonho, da hora em que voltava para casa, e aquela era uma daquelas horas, podia voltar para casa agora sob aquela lua explodida.
Pegou seus pertences, colocou numa mochila velha e lançou em suas costas,que doiam.
Todas as pessoas respeitáveis daquela empresa respeitável usavam maletas, Viana apesar de ser respeitável , preferia usar sua mochila verde e ser coringa.
Admirava a noite desde os tempos de jovem onde a mesma simbolizava liberdade.
Mas já hoje não, hoje ela simbolizava liberdade!
O ônibus tremia, como desafiando suas vertebras a não estalarem, mas a vontade delas era tamanha, que não haveria trem que as fizesse desistir de se realizar numa trectrecagem emudecida pelas rajadas de velocidade que o ônibus lançava na noite.
No ônibus, já não havia ninguém, a não ser um sujeito estranho no banco de trás de Viana.
O vento da madrugada, parecia gostoso e seus olhos semi-cerravam por causa dele e das pueiras que as ruas do centro da cidade do Rio de janeiro pareciam conservar com esmero desde o período regencial.
Uma curva, e o sujeito estranho de trás dele se levanta, como que para mostrar que não era tão estranho assim, e o prova com sucesso era só um cara normal , tinha vitiligo e estava torto devido a curva brusca que o ônibus acabara de executar, apesar de normal, não devia ser um cara lá muito inteligente pra se levantar numa curva daquelas.
O ônibus vai diminuindo a velocidade e a noite fica mais quieta, uns mendigos dormem sonhando em se tornarem bêbados, e alguns bêbados gritam um pouco antes de dormirem nas calçadas, se transformando em mendigos que realizaram seus sonhos.
O sujeito estranho desceu do ônibus , que segue agora apenas com Viana e o motorista, era um daqueles ônibus pequenos que não usam cobradores.
Aos poucos, Viana ia percebendo seu apartamento correndo em sua direção, levantou-se e puxou a corda , o coração do motorista devia ter apertado um pouco de solidão e abandono, mas não demonstrou isso e com excesso de profissionalismo, abriu a porta e foi um adeus.
Assim que Viana aterrissou, percebeu o quanto que a gravidade pesava , se se arrastar fosse algo saudável e comum, Viana se arrastaria, pois sempre fora um cara saudável e comum.
Abriu a porta , fechou e foi para seu quarto, deitou-se na cama e sumiu.
Sonhou e sonhou durante algumas poucas horas que pareciam minutos... até que o telefone tocou!!

Suas palpebras sem abrir deram uma pequena reclamada na base do olho, seus braços e mãos fizeram o trabalho sujo de atender o crápula que assassinara seu sonho.

- Alô!

Viana apenas geme algo de volta impaciente, não tem tempo...ainda há tanto a ser sonhado.

- Delgado Viana?

Outro gemido impaciente, agora com os olhos se abrindo.

- Senhor Delgado,o senhor esqueceu alguns dos seus pertences aqui agora pouco, o senhor vem buscar agora,ou é melhor deixar pra lá já que é coisa tão pequena?

Viana basicamente não estava vivo, era por si um estorvo e o esforço que fazia para se manter conscio era digno de aplausos.
Fosse lá onde fosse , ele não iria mesmo levantar da cama para buscar algo pequeno, concorda que o tal pertence fique sobre os cuidados da tal senhora e apenas desaba achando engraçado a mulher ter uma voz que carregava um forte sotaque russo ou alemão ...ele ri , leva sua mão até a base do telefone novamente e de tanto sono que estava, através de seus olhos semi-cerrados, Viana acha alguma coisa estranha na ponta de seus dedos que agora eram um pouco mais frios ou ventilados...algo parecido.
Se entrega ainda embalado pela ressonância do som daquela voz em sua cabeça...

Telefone!!

Parecia mais um trovão!
Viana o leva até a orelha tranquilamente, se sentindo menos pesado do que sempre se sentiu.

- Delgado Viana? Aqui é do consulado...

Viana não entende.

-O consulado da Russia, Delgado Viana aqui de onde o senhor acabou de sair...eu estou ligando só pra avisar que suas é ...como vou dizer suas Gentz...você deixou seu par de Gentz aqui...o senhor vem buscá-lo?

Viana, realmente não entende e se senta.

E se o objetivo desta movimentação foi fazê-lo entender melhor a situação...o efeito foi contrário pois ao tentar se levantar, algo realmente inesperado o cerca...

Viana vai ao chão .
Viana está sem as suas duas pernas!

...

O corpo no chão de cócoras.

Algumas horas passam e uma nova ligação...mas desta vez Viana não pode atender, pois não estava mais lá...a secretária eletrônica apenas exalava o seguinte recado:

- Senhor Delgado Viana, o senhor apenas precisa tomar cuidado pra quando for mergulhar nos seus sonhos para pegar de volta seus pertences...ou você pode acabar se perdendo por lá...abraços Clémer do Balão de Gás!

Fim

terça-feira, agosto 15, 2006



SOBRE A QUARTA DEPRESSIVA
OU
EU NUNCA CONSEGUI FICAR DE CÓCORAS


Eu nunca consegui ficar de cócoras.
Nunca consegui, não... Apenas não consigo permanecer naquela posição durante longo tempo, fico de cócoras durante o mesmo tempo que poderia considerar que vôo, quando dou um salto, ou que durmo, quando pisco os olhos... Todo ser humano tem uma “posição de cócoras”. Uns não escrevem, outros não pintam, alguns não pensam, todos não sabem, ninguém entende.
Eu quero o meu direito de cidadão de ficar chateado por não conseguir ficar de cócoras e não ter que ouvir papinho de que basta eu tentar. E se eu não quiser? E se for suficiente pra mim, nem levantar da cama ou sair de baixo do edredon? Não quero!
E mais, prometo não perturbá-los quando os vir assim... Se os melhores textos, pensamentos, inspirações e paixões, vem quando estamos mal, me deixem assim, pra que eu me sinta um gênio nesses meros segundos em que fico "acocorado"...
Fodam-se os textos engraçados
Foda-se o dinheiro no final do mês
Foda-se o apartamento zoneado
Foda-se nada dar certo
Foda-se a falta de trabalho
Foda-se eu não ter sentimentos
Foda-se a porra toda
Tô triste, tô. Não é fase? Então passa...
Me esqueçam...
Lembrem de mim, apenas naqueles instantes
que consigo ficar de cócoras;
Vôo, quando dou um salto;
Durmo quando pisco os olhos;
ou sou feliz quando vocês me encontram.



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