O Propriamente dito ( uma novela em três atos)Segundo ato: Tales de Mileto" Quem já passou por essa vida e não viveu, pode ser mais
mas sabe menos do que eu , pois a vida só se da pra quem se deu
pra quem amou pra quem chorou pra quem sofreu"
( Vinícius de Moraes)
Um cara ...como eu diria bem? Café!
Um cara café, não tomava chá, nunca...achava que chá era além de um nome muito bobo, uma bebida muito boba, era só água quente e ervas...já o café não, café era Café por si só, com ou sem água.
Tales de Mileto, tinha esse nome em homenagem ao filósofo, nunca se interessara muito em saber quem era o tal , mas sabia que seja lá quem fosse, era um sujeito Café, isso sem sombra de dúvidas.
Tales era imaginativo, e de olhos bem distribuidos na face, não é como aquelas pessoas que têm olhos um muito próximo do outro, quase que escalando o nariz, não Tales de Mileto, tinha olhos bem distribuidos eu repito, porém seu nariz era realmente próximo da boca, eu não sei bem se isso é doença ou não, mas sempre vi certas pessoas que se parecem muito ,pois têm o nariz realmente muito próximos da boca e a boca fina enquanto o nariz parece enorme.
Estava feliz , tinha em si uma felicidade que deveria ter aparecido há muitos anos atrás.
Desde de muito pequeno ,Tales era apaixonado por uma menina maravilhosa...nunca conseguira falar muito com ela , coisas diferentes de :com licença, obrigado e numa manhã linda chegara e declarar :- Pode me emprestar a sua borracha?...eu perdi a minha.
Entretanto, muitos anos se passaram desde essa época, Tales era um universitário agora
, e os dois estudavam na mesma universidade...lindo!
Na quinta série, numa aula de inglês sobre futuro, Tales teve que fazer uma previsão...que durou em sua cabeça por um longo sempre.
E nesta previsão, Tales via sua doce cabrocha e ele estudando juntos, indo pra mesma universidade juntos, trabalhando juntos, tendo filhos, cuidando deles junto, envelhecendo, e morrendo juntos.
Não saia de sua cabeça a imagem que especulara de Leila velinha.
Seus cabelos revoltos, agora esbranquiçados, sua pinta embaixo do olho agora tão envelhecida que mereceria ser peça de museu, sua boca tão miúda e sem dentadura, pois a menina sempre usou aparelho, o que significa que cuidava muito bem dos dentes, e o nariz, aquele narizinho meio batatudo que estranhamente apontava para frente agora tão mais caido pelas intempéries do tempo, ou algo parecido, era uma velinha linda, o amor de sua vida.
Ele próprio? Tales se poupava de imaginar...não queria saber como ficaria, tudo o que importava era com quem ficaria, e as respostas estavam nas páginas de seu caderno de química.
“ Leila para sempre!”
Houve uma festa para os universitários, depois de pouco tempo como era mesmo de se esperar, todos caiam de bêbados, incluindo Leila...não parecia certo se aproveitar da situação mas ...beber aos 17 anos também não era lá tão certo assim e não podia perder nenhuma chance, já estavam na faculdade juntos depois de anos estudando juntos, tinha que aproveitar era o destino falando...
Parou na frente de Leila, ela tinha olhos enormes, trêmulos e semi-borbulhantes de tanto álcool, não acho que poderia chamá-la de Leila, devia ser qualquer uma outra no lugar, com seu semblante caido e boca mole e descontrolada, ela olhou pra ele e talvez murmurou , ou apenas fez um som que os bêbados fazem.
Para Tales ,não interessava,...e naquela noite ,realizava seu desejo maior de todos os anos de vida que se conhecia por gente...!!
No término da ação, Leila olha para Tales e respira , encarando seus olhos esperançosos de universitário perdido e declara que sempre sonhou que esse momento acontecesse.
Mas quem estava lá pra ver, só viu mesmo Leila virando logo após o beijo e desabafando no carpete...
Material espesso que mistura de forma fedorenta, sólidos e líquidos, e no caso, muitos líquidos.
Conseguia realizar um desejo antigo , e estava mais do que feliz, e naquela tarde que chuvia um pouco ,mas nada que o fizesse menos homem, iria se declarar para Leila finalmente...
Tales de Mileto, era um jovem paulista que tinha orgulho de suas raízes, corpo esguio e mente sempre muito hábil como a de todo paulista segundo seu pai.
O franzino, parou na frente de Leila e contou tudo o que estava sentindo, a menina pareceu lisonjeada e disse que nunca nada iria acontecer,que não se lembrava de nada e que(olhar de caráter acima de humano ) não que ele fosse ...feio propriamente dito,só não fazia o tipo dela.
Tales correu, e não foi pouco, Tales correu demais para fora da universidade,mas queria mesmo era ter corrido para longe de si, e alcançou com os lábios tremendo uma agência de banco...sacou algum dinheiro, só para comprar algumas bebidas pra tentar esquecer daquela dor do feio propriamente dito...as palavras voavam em sua cabeça...como é que pode? Feio propriamente dito.
Saiu do banco, virou –se para o lado ,e para sua surpresa, estava uma velinha com cabelos revoltos esbranquiçados.
Uma bela pinta embaixo do olho.
E um nariz, meio batatudo.
Não aguentou e tremelicou de ódio, partindo pra cima da moça...era Leila velha bem ali, rindo feliz e não estava casada com ele ,não que ele se lembrasse...Tales voou no pescoço da senhora !
Arrancou-lhe o colar de pérolas, quando ela puxou um canivete do bolso, Tales rapidamente , arranca-o da mão da senhora e corre.
Fugindo cambaleante, o rapaz vai parar dentro de uma igreja.
( Próxima semana o fim, e ai eu juro que tento escrever coisas melhores)