sábado, julho 08, 2006






vaidade:


brio-che.

sexta-feira, julho 07, 2006






A noite e o café frio...

“ Um dia ainda abliquidarei as verdades absolutas e também as abgasosas”
( Rodrigo Arruda)

Meu peito ardia como as dores do cárcere já comum que eu sempre vivi em mim mesmo, a ponta do pé coçava, meus olhos pesavam,e todos pareciam me condenar apesar de estarem dormindo...Todos já dormiam!

Já era noite, o café estava frio, meus olhos cada vez mais cabisbaixos, peito era reflexo d’alma que se mantinha calma, e no fundo de tudo a bobeira acri-doce de ser poeta.
Quando de repente eu noto, para minha grande surpresa...havia sido enganado por minha falta de atenção, e o líquido que eu havia bebido com elegância numa caneca esbelta, quase um púcaro, não era café, era coca-cola.
Achando realmente repulsiva por alguns segundos, a idéia de beber coca-cola na caneca , coisa que eu não fazia desde que tinha 7 anos na casa de minha avó acompanhando um velho brioche que parecia ter rosto, em tempos de infância luminosa, mudei de pose então, pois aquela bebia não merecia a mesma postura que eu fiz questão de moldar para beber algo tão nobre quanto o café.
A segunda reação imediata, foi o completo espanto que tomou conta de mim com esta minha tamanha falta de percepção.
Que palerma que eu não fui...

Num instante eu era alguém que toma café...agora não sou mais, me visita a antiga amiga depressão...

Já era noite, o café não estava frio, pois era coca-cola, meus olhos cada vez mais cabisbaixos, peito era reflexo d’alma, que se mantinha calma, e no fundo de tudo a bobeira acri-doce de ser poeta.

Mudo de idéia de súbito, me ocorre como um impulso, a noção plena de que o café foi tão inventado pela minha cabeça como a sua temperatura e alguns outros dados do poema que escrevo, pondero levando a mão ao queixo e batendo com o indicador na boca...
Posso concluir que se eu assim desejar, o café terá a temperatura que eu achar por bem.

Já era noite, O café estava sim FRIO!! Meus olhos cada vez mais cabisbaixos, o peito era reflexo d’alma que se mantinha calma,no fundo de tudo a bobeira acri-doce de ser poeta,com meus suspiros saudosos de antigas lembranças ; saudosos das canções que eu gostava em diferentes épocas da vida, de certos campos que eu corri ,e certas pessoas que correram comigo, do acalanto doce que uma vez provei, e do café frio que eu bebia até pouco...

Agora tudo parece se esclarescer, pelo menos um pouco, pois o que acontece é que eu bem havia notado, que a temperatura do líquido, apesar de ser ideológicamente inconveniente, já que café normalmente se bebe quente, na prática até que veio mais a calhar do que a catástrofe que era esperada.
Já que ideológicamente,eu bebia café , mas palpávelmente falando, eu bebia coca-cola...que normalmente se convém beber gelada( coisa que aliás não estava).

Atesto então que, prefiro o café mais quente do que estava e a coca-cola, mais fria do que estava.
Mas a grande questão é que o café não estava!
Já que eu bebia a coca-cola, pensando ser café , a coca-cola também não estava!

Já era noite, eu engoli saliva pura! Meus olhos cabisbaixos não enxergavam mais nada que se diferisse de cafés ou coca-colas, e agora salivas também...meu peito espelhava minh’alma que se mantinha calma, e no fundo de tudo a bobeira acri-doce de ser poeta.

O mundo era imperfeito como sempre , mas agora isto era gritante e nada dichavado, visto que se fosse café o que eu acabava de beber, estava frio demais, e se fosse coca-cola, estava quente demais, enfim a substância estava numa temperatura estremamente desfavorável qualquer que seja sua opção de existência ,café ou coca-cola,...acredito que deveria ser uns 14 graus celsius, não sei bem o por que, mas esta não é uma das coisas que têm por que, é apenas mais um daqueles palpites que se sente, e aliás eu nunca fui muito com a cara deste número mesmo, quatorze...ou catorze.

Assumindo o lado mais racional da questão, que é como eu vou contar esta história para meus amigos, eu bato o pé com força para assumir que era coca-cola e estava quente demais!

Já era noite, a COCA-COLA estava QUENTE DEMAIS, meus olhos pesavam 14, minto, 15 kilos cada um, e o meu peito espelhava minh’alma que se mantinha calma, e no fundo de tudo a bobeira acri-doce de ser poeta que bebe coca-cola e não café...

Com a cabeça pendendo para o lado esquerdo, eu me pergunto.

Que raio de poeta bebe coca-cola?!
E o pior ainda, quente??!

Confesso que já vi sim, algumas meia-dúzia de poetas bebendo café, ainda que ninguém o bebesse frio...
Que raio de poeta bebe coca-cola quente pensando que é café frio?!
Nunca me foi contado que Vinícius de Moraes ou Machado de Assis bebessem coca-cola,ainda mais quente, ainda mais pensando que era café frio!

Por mais poemas que eu escreva, fica aqui provado; não sou poeta !

Já era manhã eu bebia coca-cola quente pensando ser café frio, meus olhos eram de gente normal que chora, e exercia este papel, assim como meu peito que era reflexo d’alma d’alguém que bebe café sabendo o que está fazendo, no fundo de tudo... a saudade de todas as bobeiras do mundo.

Fim.

quinta-feira, julho 06, 2006


Sobre tudo que não aconteceu.

tudo que não aconteceu tem um sabor puro de coisa não acontecida. porque o não acontecido acontece do jeito que eu quiser posto que não aconteceu de um determinado jeito que me impõe que para sempre ele tenha acontecido daquele jeito e não de outro. assim aquela mulher que eu nunca comi permanecerá sendo comida de mil formas que não aconteceram posto que se tivesse elas teriam se encerrado no mesmo momento em que elas ocorreram. aquele brioche que eu jamais provei terá o gosto que eu quiser que ele tenha e não apenas um gosto que terá que existir para sempre como o gosto que o brioche teve. aquela paisagem que eu nunca vi será a paisagem que eu quiser que ela seja e poderá mudar conforme o meu humor. tudo o que não aconteceu está livre para acontecer eternamente e da melhor forma possível.

(assim, os dois textos que eu não escrevi nas últimas duas semanas foram os dois melhores textos que eu escrevi e a concorrência com os outros será para sempre desleal)

quarta-feira, julho 05, 2006




SOBRE ROMA OU O AMOR AO CONTRÁRIO....

Nunca ele tinha visto uma mulher tomando um café com brioches com tanta concentração, não olhava nunca pra frente ou pros lados, mas apenas para a xícara, como se quiesesse assegurar que o líquido não fugiria pra lugar algum. Por várias vezes tentou um contato visual. Por mais que ela fosse linda, naquele momento ele só queria saber o porquê daquele comportamento, mais que flerte, tinha virado uma curiosidade.

Ela reparou quando ele entrou no Bar. Se culpou imensamente de ter virado a cabeça na hora em que escutou o sininho da porta, sua observação já conhecida havia captado tudo em apenas uma fuga de olhar... Rosto fino, barba por fazer, cabelos loiros ajeitadinhos apesar da chuva, olhos azuis... Italiano ele não era, não tinha o tom de pele. Inglês! Inglês com certeza... Passou direto com seu sobretudo molhado e sentou no canto. O alívio só veio quando o café chegou, assim ela podia se concentrar em outra coisa... Não podia acontecer de novo... "Por Favor"

Ele a tinha avistado do outro lado da rua, seu gosto de homem adorou descobrir uma mulher diferente. Seu gosto de poeta achou lindo o rosto daquela menina distraída. Seu gosto de pintor achou fantástico aquele rosto por trás de um vidro, onde a água escorria sem parar. O jeito era entrar no Bar, onde estava nunca seria visto debaixo da chuva. Aquele incômodo visual o deixou tenso... Ela poderia ter visto alguém chato, com quem não quer falar. Será? Não... O namorado, com quem ela acabara de ter uma briga, saiu para procurá-la e ela entrou nesse lugar para esconder-se. O que afinal? Não sabia, mas tinha que saber. Levantou-se.

O embrulho no estômago aumentou quando viu que ele se levantara... Ela não conseguia mais tomar o café, mas mesmo assim não tirou os olhos dele e a xícara de perto da boca, quando viu que ele se aproximava, apertou os olhos e os manteve assim. "Olá, posso me sentar?" em italiano "britânico". Sabia! Era inglês. Os olhos continuaram cerrados, a cara virada pra xícara. "Você está bem?". É óbvio que não, ele não está vendo? Sentou-se, não viu mas escutou o barulho da cadeira e uma leve tremida na mesa. "Ei". Foi o fim da barreira...

Olá, posso me sentar? Sem Resposta. "Você está bem?" Sem Resposta. "Ei" e colocou com uma intimidade vinda sabe-se lá de onde as costas dos dedos em suas bochechas... Ela sentiu calafrio. Ele hesitou. Ela olhou no olho. Ele também. Ela encarou. Ele fugiu com o olhar. Ela não optou pelo Italiano "brasileiro", pois sabia falar um Inglês "britânico".

"Eu não quero."
"O que?"
"Isso."
"O que?"
"Que está acontecendo."
"O quê?"
"Você é sonso?"
"Por quê?"
Ela ameaçou levantar, um tanto quanto indignada.
"Fica..."
"Por quê?"
"Pra você me explicar."
"O que?"
"Isso."
"O que?"
"Agora é você que está fazendo..."
"O que?"
Os dois se olharam profundamente durante uns três segundos. Se beijaram.

Mais tarde, na cama do hotel de um dos dois, ela acorda sendo observada... Ele, sentado como haveria de se sentar um inglês naquela cadeira junto à janela, a observava encantado. A pele morena era incomum em todo aquele continente, ele ainda não tinha perguntado de onde ela era... Nem o nome... Ela não sabia o seu nome... Os dois não sabiam de nada, ele só queria a observar naquele momento em que nua, seu contorno era azul, graças à lua que vinha de fora. Ela encarou ainda sonada a silhueta daquele homem. Não sabia seu nome e por isso resolveu pergun...

"Robert"
"Janaína"

Alguns segundos de silêncio...

"England."
"Eu sei."
"What?"
"I Know..."
"You?"
"Brasil"

Ele era jovem. Costumava viver uma vida de pubs, arte e mulheres até aquela noite. Ele não conseguia parar de observá-la. Só de cabeça já tinha escrito diversas poesias, se tivesse à mão algumas ferramentas não teria dúvida de ter encontrado a musa de seus próximos trabalhos... Ele a queria muito mais do que tudo. Era ela. Ele não sabia o porquê. Naquele momento "Janaína" e "Brasil" eram as palavras e informações de que ele precisava... Voltou à cama. Seus braços a envolveram como quem queria repetir tudo aquilo que já fora feito, pelos menos umas 3 vezes naquela tarde... Em sua cabeça ele já tinha planos, queria levá-la consigo pra sua cidade...

Ela era jovem. Era a sétima vez que sem explicação ela se apaixonara por um desconhecido em Roma, todas frustradas. Ela notou que era observada com carinho e um charme inglês irrestível. Em sua cabeça ela se confundia com todas as experiências, mas essa era diferente... Ela o queria mais que tudo. Talvez fosse ele. Ela não sabia o porquê. Naquele momento "Roma" e "Amor" eram as palavras que em qualquer direção não combinavam em sua cabeça. Percebeu Robert se levantando. Ganhou um abraço forte, do jeito que precisava para ter vontade de repetir tudo aquilo que já fora feito, umas 7 ou 8 vezes naquela tarde... Em sua cabeça ela já tinha planos, iria até para sua cidade, contanto que não se chamasse "Evol".

segunda-feira, julho 03, 2006



Sem brioches

Brasil: Instante de consciência
Quantos brasileiros,

agora,

às 18h 08, assim que se deu o fim do jogo do Brasil e a França,

dia 01 de julho de 2006,

sabendo que possui o dito melhor time de futebol do mundo,
cujas chuteiras são as mais caras,
são aquelas que capitalizam a níveis luxuriantes os passes dos jogadores,

estão perplexos com a derrota brasileira?

Ou melhor,
quantos brasileiros percebem que esta não é derrota,
mas só breve instante de consciência?

Futebol brasileiro? Não. Jogo de cena brasileiro, jogo mal feito.
Não há futebol porque não há,
efetivamente,
nada
em um país que deixa seus filhos com fome,
trabalhando muitas horas por dia, dormindo pouco, sentindo dores no corpo-sem-saúde...


O sem-terra, o sem-comida brasileiro, agora, chora porque não pegou a taça de ouro!
Ouro que era nosso
Taça de veneno que beijamos
quando ganhamos, nós, campeãos

Cães-peões
Peões!!!
Em vagões*

Droga!!!
Consolar a dor cega!!!!! Merda!!!
Meu irmão chora sob a benção da ignorância

Ganhar o que, bolas!?!
Ganhar o direito de gritar
Recuperar a memória da ira
Reestaurar o emputecimento santo de quem é desrespeitado!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Nos primeiros anos de DESCOBRIMENTO
Essa terra aqui era a FRANÇA ANTÁRTICA
O francês quis fazer no Rio
Um cantin do Sena Iá Iá

SERÍAMOS PROTESTANTES!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Hahahahahahha
hahahahahahha

Mas se o francês Baudrillard está certo
A gente brasileira ia se apaixonar
do mesmo modo
pela brancura da óstia do Cristo
O grande vencedor
De tez clara
Europeu


Hehehehhehehehehhehehhehehehehehehehehhehehehehehehhehehhehehehhehehehehehe
O Brasil, se fudeu?
Não. Corrompeu!

ÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊô
ÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊôÊô
ÊôÊôÊôÊôÊôÊô
ÊôÊôÊôÊô
ÊôÊÊô
Êô
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^

* - VAGÃO. 2. Conjunto de pessoas, de animais ou mercadorias transportados em um vagão. Novo Dicionário Aurélio.

FONTE:
biagagli.blogpot.com


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