quinta-feira, março 01, 2007





Eu,o fim do mundo,e os objetos de prata.

Nas minhas mãos eu tinha dois objetos de prata.
O mundo já havia terminado fazia alguns meses...mas eu seguia.
Esperançoso de achar sei lá o que...sabido que a vida costumava dar sei lá o ques para quem procurasse por eles com minúcia.
Nada mais me encantava no final do mundo,nem saudades dele eu sentia,não sentia falta da Lua,nem das nuvens,só do vento cortante e de alguns pingos grossos de chuva que sempre amansavam meus pensamentos e aceleravam meus passos...
No alto de qualquer coisa...lá estava eu,no topo de qualquer coisa sacudindo desesperadamente meus objetos de prata,ninguém passava perto...ninguém via.
Uma pena,desisti falando assim...uma pena!
Não havia som,nem ninguém para me dizer que eu estava surdo e que os sons na verdade estavam por toda parte.
Minha barba cresceu no ritmo de um tam-tam.
Um dedo meu caiu,e não sei bem o motivo.
Alguns minutos depois me veio a sensação de choro...mas nem uma lágrima caia na verdade,e nem soluçar eu soluçava apenas tremia das pernas quando de repente,na direção do Sol eu vejo um Alce com uma pata a mais.
Indignado, interroguei-o sobre sua deformação, e ele sorrateiramente escondeu-a de mim,aí sim eu perdi a paciência e enfiei um dos objetos de prata entre seus dois enormes galhos,na respeitosa testa alcina.
Ele gritou,alto,muito alto...meus dentes roçaram-se de nervoso e eu perdi o equilíbrio,não sei bem se pela força que eu fiz pra acertá-lo ou pelo impacto que o grito tinha tido em toda a ruína daquela cidade depredada...
Encostei minhas costas no chão frio mas sem nunca tirar os olhos do Alce...que parecia sorrir,eu ia cravar o outro objeto nele,mas não achei que valesse a pena já que o bicho me parecia um tanto cambaleante,e resolvível com um forte chute,que foi meu próximo passo...a desgraça caiu e acho que não sorri mais.
Levantei-me,esperançoso que sou...porém com certa dose de frio,minha barba ainda era grande e o aspecto do lugar não me fazia confortável.
Meus objetos de prata pareciam bem danificados, um pela queda que eu sofri e o outro pela investida furiosa no animal irritante...a verdade é que eu não tinha destino e de tanto andar a sede me possuía como a uma prostituta.
Ao longe, eu vi com meus olhos já há muito completamente cansados, um pequeno riacho e fui indo em direção a ele com meus passos realmente debilitados, o fato que eu não esperava era o nível escorregadio do chão...troquei as pernas e me estabaquei violentamente no interior do riacho com a cabeça sangrando,e fui perdendo a consciência e fui ouvindo coisas.
Talvez as frias vozes de mortos ou de pessoas de lugares dos sonhos,sei dizer apenas que pareciam vir da minha nuca,ou de um lugar profundo,as últimas vozes que ouvi antes de sumir afogado no oceano.Não que não houvesse salvação...mas é que se fosse pra morrer,que fosse levado pelas águas.
E enquanto eu perdia a respiração,as vozes agudas femininas do interior de algum longínquo lugar pareciam dizer muitas coisas,e chamar até pelo meu nome...

- Julienne Cadê os garfo?
- Da última vez que eu vi,tava na mão do vovô que tava brincando com o Toby!
- Seu Cândido!Seu Cândido!Seu Cândido!
- Mamãe...corre aqui no banheiro!

1 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

AH! então foi um desmaio...

8:20 AM  

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