
do presépio enquanto possibilidade estrutural
Para a minha carmelita
“à noite, a orla de botafogo some
entre o viaduto e as luzes dos carros”
Rafael me disse, mas eu não prestei atenção
por causa do estranho acidente com o cão:
um cara na calçada explicando-se:
“nossa senhora! mas eu nem encostei no seu cachorro.”
“o senhor atropelou ele, moço” ela dizia.
Atrás, três camelôs rindo, cada um com uma
bugiganga diferente na mão. “ai, jesus”
dizia a mulher chorando e se agarrando na bolsa,
já que abraçar o cachorrinho todo ensangüentado
sujaria a sua blusa.
“passou por cima que eu vi” disse uma intrometia.
“fica quieta, sua vaca.” falou o cara.
Rafael checou a hora no celular.
Um rapaz agachou perto da mulher.
“Você quer que eu leve o bicho
pro veterinário?”. Não contive uma risada.
A mulher respondeu. “Está morto, seu burro.”
e olhou enraivecida para o dono do carro –
ele já procurava dentro do porta luvas
o talão de cheques.
Rafael me puxou pelo braço e, enquanto
nos afastávamos, pensei como seria possível
o cão e o homem se parecerem tanto.
3 Comentários:
amor, so voce pra me deixar quatro comentarios...obrigado pela tentativa de levantar a minha a(l)to estima, viu? ahaha
é bom, mas não é dos melhores
q bolg doido da porra hein
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