sexta-feira, julho 28, 2006





O vendedor de Caranguejo


Domingo calmo, um simpático café numa das ruas que perpendiculavam a Jardm Botânico.
Para variar eu não tinha caneta.
Um grupo de Pessoas almoçavam, e mais uma vez eu havia perdido a manhã e participava como um entruso atrasado no dia dos outros.

O grupo de pessoas parecia animado,muito provavelmente haviam marcado este confortável e apetitoso encontro já a determindo tempo.
Riam, como riam e citavam a vida tanto a deles mesmos quanto a dos outros.Entre alguns pedidos o único homem, que havia chegado muito depois de que todos já haviam começado a comer,diz ter assistido o novo filme do Johny Depp, alertando não ser o dos piratas, mas aquele outro...
Este sujeito tinha barba, e por entre a barba saia um carregado sotaque espanhol e usando ele, começou a dissertar sobre o filme , espalhando e estraçalhando a atenção de todos os almoçantes como em caquinhos por todo o bairro.
Cheguei a dar um empulso de riso ao notar as falsas expressões de concentração que todos tentavam ostentar para o rapaz animado e falador, que se divertiria contando sobre o filme mesmo se estivesse falando sozinho.

Com frequência começavam novas histórias , no empenho de não deixar a mesa silênciosa
E a partir daí: “Socialmente Desconfortável”.
Dor esta que não me dói tanto...nunca vi o menor mal em ficar entre amigos silênciosamente, creio que os verdadeiros amigos são aqueles os quais se pode fazer tudo junto ,até mesmo ficar em silêncio por que não?
Por isso mesmo, se os leitores que estão lendo forem realmente amigos não se encomodarão com a pausa que eu vou estabelecer abaixo...

( silêncio)






Obrigado amigos, perdoem-me colegas e outras classes de pessoas que se sentiram incomodadas.
Retomando, eu tomava o meu café com um bastão de canela e com o exagero no açúcar que é peculiar a minha personalidade, pedi uma caneta emprestada a garçonete, que talvez tenha pensado em me dar um grande sorriso, mas não o deu.
Era uma morena realmente geitosa e enquanto eu a admirava, o aspecto pacato da tarde se mantinha, mesmo sendo em uma daquelas horas em que normalmente os aspectos pacatos se esvaem...

Senta-se numa mesa ao meu lado, dois sujeitos e um deles diz ter um amigo belga em tom de início de conversa.
O sujeito do sotaque diz saber uma piada clássica, a palavra exata que ele usou foi: Antológica, quando alguém qualifica a piada com um adjetivo desses quase nunca sabe contá-la, e se souber duvido que tenha muita graça...
Sem que ninguém peça ,ele se põe a contar a piada.
Não quis ouvir.

O amigo do belga pede uma cerveja holandesa , seu companheiro, o que ficou sabendo que iria começar a conversar com um amigo de um belga, talvez tentando não ficar para trás anuncia que tem um irmão morando na holanda e que está a ponto de ter um sobrinho holandês,mesmo sendo mentira os dois comemoram e brindam ao nascimento da criança com cerveja holandesa.

Junto com o calor , não escaldante mas até confortável do Sol, chegava pela calçada em frente ao café um sujeito com roupas esfarrapadas, barba que mais parecia o recheio de um travesseiro estremamente velho e fedido, mas mantendo o peito estufado e apoiado em seus ombros um longo pedaço de madeira com caranguejos pendurados, as fêmeas pela garra esquerda e os machos pela garra direita, o peito era inflado ,pois tinha que dizer bem alto a que vinha...vinha vender os caranguejos.
E dizia isto cada vez mais alto com os pulmões vibrantes, oferecendo-os a quem se interessasse.
O vendedor de caranguejos.
Os caranguejos e o vendeor.
Seus calçados eram sandalhas, se apresentava como Jacksô das Neve.
Mas não recentemente, pois fazia tempo que não precisava dizer seu nome para ninguém, com o mundo sua relação era extremamente profissional...
A ninguém que almoçava, era necessário conhecer Jacksô das Neve...muito menos o vendedor de caranguejos...

A conversa se mantinha, até que de repente, o vendedor parou-se, repousou seus caranguejos na calçada, adentrou o café e com lentos passos, se sentou na mesa da minha frente...silêncio geral.
A geitosa garçonete foi um pouco cabreira falar ao senhor...não sabia bem se o pedia para sair ou não...

- O senhor ...vai...pedir alguma coisa?

-Um Petit Gateau, pra dois Por favor.( abrindo um grande sorriso)

A garçonete sem graça pergunta se ele está esperando por alguém...e ele apenas continua exibindo seus dentes amarelados.
Durante aqueles momentos, não importava mais a ninguém ter amigos na Europa ou o que achavam dos filmes do Johny Depp...todas as mesas tentavam parecer que não, mas se concentravam no vendedor de caranguejos.

A garçonete chega.

- Agora, sente-se Léia.

A mulher fez uma expressão esverdeantemente estranha.
E...se senta mesmo.

O homem começa uma conversa bem gesticulante e intensa mas quase silênciosa aos meus ouvidos...e depois de certo tempo eu aposto que a garçonete também gostaria que fosse silênciosa aos seus ouvidos,pois ela se põe a chorar com desespero digno de pena... e ele não para de falar um só segundo, as outras pessoas tentavam continuar a tarde fingindo que aquilo não enterferiria em nada.
Foi extamente quando, a mulher soltou um grito no espaço.

-Não! Eu não quero voltar...minha vida não pode ser só isso!

- Sim, sua vida é só isso!

Ele esbraveja.


Da rua, surge um grupo de pessoas de ternos acinzentados, homens e mulheres, com o mesmo brilho estranho no olho que a garçonete sempre teve, e vão andando para dentro do café, eu me tremo um pouco e agarro com força o meu caderno,a mulher os encara e abaixa a cabeça respirando fundo, O vendedor de caranguejos, pega o pedaço de madeira agora vazio que havia deixado na calçada, levanta-o como um cajado , e cada uma dessas pessoas põe suas mãos ( os homens as direitas e as mulheres as esquerdas), o vendedor, olha para a garçonete que com olhos de compreesão levanta sua mão esquerda até o pedaço de madeira, o sujeito leva-o até acima do ombro com todos segurando a parte de trás do pau e se vai a passos lentos acompanhados por vários outros passos incluindo a garçonete que largou seu avental no chão do café, todos juntos numa peculias procissão.

Assim que termineir de escrever a história toda em meu caderno, eu fui embora.

Eu roubei a caneta.

5 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

alguém esqueceu o "negrito" apertado

1:00 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Ah! Rodrigo...você pode mais cara ta bem caído esse aí

8:12 PM  
Anonymous Anônimo disse...

é

7:49 AM  
Blogger nagual1985 disse...

pois eh

9:34 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Cara,vc é muiiiito bom,mesmo!!
Adorei.

7:47 PM  

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