
Quando ele acordou, já era tarde: estava em uma calçada da Lapa abraçado com um cachorro. Não, aquele não era o seu cachorro. Era um cachorro qualquer, um vira-lata fedorento que ele nunca havia visto antes. Soltou-o aos poucos para não acorda-lo. Foi aí que ele percebeu que em suas mãos, cheias de purpurina, havia um revólver. Assustado, tentou se levantar. Mas sua cabeça pesava toneladas. Cambaleou, pisou numa poça, quase caiu, andou três passos e só aí notou que estava de salto alto. Foi subindo os olhos pelas suas próprias pernas e logo identificou o seu traje como um vestido de lantejoulas, sem nada por baixo. Perplexo, levou as mãos ao rosto e ao encosta-las na própria face percebeu que sangrava nas bochechas e no nariz. Subindo um pouco mais a mão para os cabelos apalpou-os e logo se deu conta de que era uma peruca que ele estava usando, da pior qualidade. Começou então a vasculhar sua memória na esperança de que encontrasse algo que justificasse seu estado. Mas não se lembrava de nada. Quer dizer, de uma coisa ele se lembrou: Jonas. Esse era o nome do cachorro. Voltou a sentar no chão e disse a ele:
- Jonas, agora você é meu único amigo. Nunca me deixe na mão, tá?
Ao que Jonas consentiu. E foram felizes para sempre. Ou quase.
2 Comentários:
hahahaha genial, sou muito assim!
Muito bom!!
Experiência própria?!
Ahahahahah
Brincadeirinha...
Postar um comentário
<< Home