quinta-feira, junho 08, 2006



O Pufe


- Bora rachar um skank? disse um dia um amigo meu.
- Quanto é que sai?
- Se dividir, uns 10 reais.

Mesmo achando caro, topei entrar nessa. Até porque em seguida iríamos a uma festa. Podia ser divertido, pensei. Assim, nos reunimos na casa de um terceiro. Lá não havia só o dono da casa mas um quarto elemento, que apertava o baseado, finíssimo. Dei um tapa. Dois. Três. Tossi freneticamente. Dei mais um tapa e passei adiante. Fora o cheiro – mais agradável que o normal – e o acesso de tosse que ele provocou, parecia um baseado qualquer. Mas, conforme percebi logo em seguida, não era. No carro já comecei a perceber um silêncio geral, que seria adequado se todos estivessem indo a um enterro mas no mínimo esquisito em um carro de jovens indo a uma festa.
Chegando na festa, as pessoas eram esquisitíssimas e o ambiente nem um pouco acolhedor. Não conhecia ninguém e todos pareciam se conhecer. Fui entrando na sala da casa até que naturalmente me encaminhei até um pufe que misteriosamente permanecia vazio naquela festa cheia.
Sentei-me.
Depois disso me lembro vagamente de um mameluco black power vir me perguntar que horas eram, de um garçom que me ofereceu bebidas (que eu recusei por não conseguir alcança-las) e de uma menina vomitando no meu pé. Só percebi que eram 5 da manhã pois uma faxineira varria meu sapato insistentemente. Resolvi então que era melhor tomar uma providência e levantar. Foi aí que percebi que não conseguia sair dali. Tentei mais algumas vezes até que a família que ali morava, acordando para o café, veio ao meu socorro. Tentaram todos me puxar, ao mesmo tempo, mas nada aconteceu. Por mais que tentassem, meu corpo já tinha virado parte do pufe, que por sua vez era parte da sala. Para me tirar dali, seria necessário tirar a sala inteira. Assim, foram aos poucos acostumando-se à minha presença e hoje sou apenas mais um móvel da sala. Discreto, não incomodo ninguém. Já nem penso mais em voltar a ser o que era antes. Na verdade, confesso que na maioria das vezes nem lembro mais o que era antes: me sinto cada vez mais perfeitamente adequado à minha atual condição de pufe. Acho inclusive, depois de muito meditar, que o skank só fez libertar o pufe que já existia dentro de mim. E nada mais.

8 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Semprei apoiarei suas escolhas.
Mesmo se é pra virar pufe.
Bjoca,

Vc de saias.

2:49 AM  
Anonymous Anônimo disse...

ahahhah
mt bom, cara...

abraco

3:24 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Muito bom! Hehehe!
;*

8:25 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Gregorio-pufe!

5:38 AM  
Anonymous Anônimo disse...

=P

5:41 AM  
Anonymous Anônimo disse...

amo pufes!

7:17 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Gostosooooooooo!

11:22 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, como esse tal de anônimo comenta na sua coluna... Muito bom texto, surpreendente. Bom, mesmo, pra caralho! Abraço, Leandro

11:54 AM  

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