
A Grande festa
A lua parecia mais uma explosão , Viana parecia mais uma explosão por si só...
Aparentemente, não tinha corpo, o enorme resto de carne que tinha pendurado em sua alma era realmente temente á gravidade e a cada vez mais, podia sentir e queria não fazê-lo.
Não estava exausto... era exausto já a um longo tempo, sua coluna se envergava, contorcia e ás vezes dava chicotadas em suas costas tentando motivá-lo a trabalhar.
Estava em seu primeiro ano ali, e não estava gostando.
O escritório parecia muito pequeno, e realmente era.
Viana só gostava como se fosse sonho, da hora em que voltava para casa, e aquela era uma daquelas horas, podia voltar para casa agora sob aquela lua explodida.
Pegou seus pertences, colocou numa mochila velha e lançou em suas costas,que doiam.
Todas as pessoas respeitáveis daquela empresa respeitável usavam maletas, Viana apesar de ser respeitável , preferia usar sua mochila verde e ser coringa.
Admirava a noite desde os tempos de jovem onde a mesma simbolizava liberdade.
Mas já hoje não, hoje ela simbolizava liberdade!
O ônibus tremia, como desafiando suas vertebras a não estalarem, mas a vontade delas era tamanha, que não haveria trem que as fizesse desistir de se realizar numa trectrecagem emudecida pelas rajadas de velocidade que o ônibus lançava na noite.
No ônibus, já não havia ninguém, a não ser um sujeito estranho no banco de trás de Viana.
O vento da madrugada, parecia gostoso e seus olhos semi-cerravam por causa dele e das pueiras que as ruas do centro da cidade do Rio de janeiro pareciam conservar com esmero desde o período regencial.
Uma curva, e o sujeito estranho de trás dele se levanta, como que para mostrar que não era tão estranho assim, e o prova com sucesso era só um cara normal , tinha vitiligo e estava torto devido a curva brusca que o ônibus acabara de executar, apesar de normal, não devia ser um cara lá muito inteligente pra se levantar numa curva daquelas.
O ônibus vai diminuindo a velocidade e a noite fica mais quieta, uns mendigos dormem sonhando em se tornarem bêbados, e alguns bêbados gritam um pouco antes de dormirem nas calçadas, se transformando em mendigos que realizaram seus sonhos.
O sujeito estranho desceu do ônibus , que segue agora apenas com Viana e o motorista, era um daqueles ônibus pequenos que não usam cobradores.
Aos poucos, Viana ia percebendo seu apartamento correndo em sua direção, levantou-se e puxou a corda , o coração do motorista devia ter apertado um pouco de solidão e abandono, mas não demonstrou isso e com excesso de profissionalismo, abriu a porta e foi um adeus.
Assim que Viana aterrissou, percebeu o quanto que a gravidade pesava , se se arrastar fosse algo saudável e comum, Viana se arrastaria, pois sempre fora um cara saudável e comum.
Abriu a porta , fechou e foi para seu quarto, deitou-se na cama e sumiu.
Sonhou com algo colorido que parecia lantejoula.
( Pretendendo agradar ao leitor, peço que sugiram um final ao seu critério)
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