quinta-feira, junho 22, 2006




Foi mal o descaso, essa semana tá foda... Mas eis um post com atraso...

SOBRE TRIBOS E MULHERES

Acordei cansado naquela tarde ... Precisava encontrar uma mulher que não me desse problemas como as 5 que tive na última semana. Acendi um cigarro e traguei sentado na cama, ainda pensando em qual seria a melhor opção pra minha nova jornada... Pra fugir da normalidade, não atendi o telefone que tocava sem parar, com certeza com vozes femininas e cobranças mal-vindas. Findei o cigarro e tomei num gole só a água que havia dormido na cabeceira. Levantei.......... O tempo que levei até chegar ao banheiro do outro lado da casa fez com que eu me perguntasse pela milésima vez por quê eu havia escolhido aquele apartamento.

Ao sair da ducha reparei no relógio de parede que já eram quase dez da noite. Ok, sempre acordo tarde, mas dez era absurdo... Tentei lembrar o que havia feito na noite anterior e parei numa virada de tequila que eu tinha dado aproximadamente quinze pra meia noite... Engraçado lembrar da hora e não do que eu fiz depois, ignorei o assunto... Pensei o que me faria fugir dali pra outro universo, precisava renovar... Novos ambientes... Novas alegrias e uma nova mulher... Eu sempre fui louco por elas.

Fui no armário e sem nem olhar pras roupas habituais localizadas próximas ao meu alcance, fui na gaveta de roupas que eu ganho mas não uso, aqueles presentes de família tentando acertar, que você gosta do que está na moda. Botei uma calça xadrez e uma camisa social com uns detalhezinhos esquisitos... Encarei o espelho e me senti um ridículo... Mas, não encontraria ninguém conhecido onde eu ia... pásmen, um sambinha.

O ambiente era até animado, vários casais dançavam ao som de um grupo que já estava nas últimas sentado numa mesa grande bem no meio do lugar, o centro da cidade era novo pra mim, mas não podia demonstrar isso, lembrei de umas 5 aulas de teatro que tive antes de entrar pra fazer direito e fingi que era outra pessoa... Óbviamente não tentei dançar senão seria descoberto, mas pra não ficar de fora ficava perto da roda e acompanhava as últimas palavras ou expressões mais óbvias como "O meu amor" ou "Você me deixou"... Procurei uma mulata espetacular como as que eu ouvia falar que apareciam em lugares como esse, algumas interessantes porém acompanhadas, não mexo com mulher dos outros então ignorei. Por um tempo fiquei meio desacreditado, desacreditado e mal vestido, o que me deixou puto... Fui à Janela tomar um ar e aí sim encontrei o que eu queria... Ao som de "Vai vadiar", única música que reconheci naquela noite, fiquei observando uma branquinha linda... baixinha e de cabelos bem pretos e curtos, seios fartos e tatuagens, tatuagens espalhadas pelo corpo todo, imaginei muita coisa, ainda mais quando vi os vários piercings que ela ostentava em seu rosto bonito apesar do clima pesado que seu estilo exigia, com coturnos de acender o fetiche de qualquer homem entregue as mulheres como eu, atravessou a rua e entrou umas 4 casas ao lado de onde eu estava. Tentei correr mas foi inútil... ao chegar perto e vê-la ainda na fila, desisti ao descobrir que se tratava de uma boate punk e com aqueles trajes eu seria ridicularizado. Esperei meia hora pelo único ônibus que me levaria pra casa... Fui dormir sozinho e puto, mas amanhã eu voltaria lá, e a branquela seria minha "com certeza"...

Noite seguinte, lá estava eu... Palhaço... Vestia uma calça rasgada que fazia frio no meu joelho, uma camisa sem mangas e correntes pra caralho... Nunca tinha visto tanta corrente junta, chegava até a pesar um pouco. Não, aquilo não era da minha gaveta, eu acabei abrindo meu segredo e pedi ajuda pra um amigo meu de infância que tinha pendido pra essas coisas punk... O cara não entendeu nada quando eu expliquei por telefone que era uma festa à fantasia com esse tema... pedi uns assuntos pra entrar no clima e ele acabou cedendo, em nome da nossa velha amizade... Porra nenhuma, quase saí correndo quando vi que ele tava de batom preto... Isso eu não botei não... Aí já é demais... Fiz questão de averiguar por meio de algumas perguntas soltas (Coisa de advogado) se ele estaria no tal lugar aquela noite, mas não.. tinha uma festinha de amigos... O campo era livre, mas era incômodo. A música era gritada, não me agradou não, e ao contrário do samba de ontem, essa chegava a incomodar. Foda-se, procurei a baixinha que com certeza iria esmerilhar aquela noite e pelo jeito que tava aquele lugar, até ali dentro rolava... Tinha umas mulheres muito bêbadas gritando uma porrada de coisas... O ambiente era um quase breu total que impediria a minha busca... Rodei incontávelmente aquele inferninho e fui interpelado por algumas mulheres, cheguei até a encarar algumas... Não dava. Ou eram gordas, ou tinham umas olheiras falsas, pareciam aquele cachorro do Johnny Quest que eu não me lembro o nome... Eu ri na cara de uma delas e ela riu de volta, fiquei com medo e deixei de lado minha procura, sentei e acendi um cigarro pra espairecer... Achei a Vaca! estava na minha frente... Ficando não só com um, mas dois malucos bem na minha frente, pensei em entrar e até me levantei, mas reparei que os dois também se beijavam... Aí não... Não vou me submeter a isso pra pegar uma punkzinha qualquer... Foda-se, vou pra casa dormir. O ônibus era irritantemente demorado e foi passar bem depois d´eu já ter visto a menina sair com os dois bichas e se enfiar num dos becos próximos ao casarão. Já perto de casa, um carro em alta velocidade freiou bem perto de mim, cerrei os olhos, só abri quando uma voz rouca de mulher me peguntou como se saía do bairro, olhei pra dentro do carro e quase agradeci a Deus alí mesmo por ter colocado na minha frente aquela loira gostosa... Ela tava de mini-saia e tinha uma pernas malhadas maravilhosas, a camisa curtinha e apertada me revelou um decote tentador... reparei que a camisa era de um festival de música bahiana que estava rolando perto aqui de casa, mas eu não tava nem aqui pra aquilo... Ela tinha cara de não só de quem gosta muito de fazer sexo, como de quem sabe. Por pouco não ensinuei alguma coisa, reparei a tempo que aqueles olhinhos azuis me olhavam com um certo desprezo... Por que? Ah... Lógico... Aquela roupa ridícula que eu estava usando... Me livrei rápido da cachorrona antes que ela marcasse minha cara. Amanhã eu estaria nesse Axézinho "com certeza"...

Malhei... Hehe, fazia tempo que não malhava, uns 7 meses, eu acho. Gastei uma grana preta pra arrumar aquela blusinha multicolorida que me daria acesso àquele centro de adestração humana, sim, porque nunca vi uma platéia tão obediente na minha vida, onde o cara com um shortinho escroto e uma bandana na cabeça mandasse o pessoal botar a mão eles botavam... Putz... Ridículo. Eu fingia que gostava daquilo tudo e fui observando o lugar... Reparei que a loira cachorra da noite anterior não tinha nada especial, eu estava cercado por umas 2.000 delas... Desinteressante demais pra quem se deu ao esforço... Mulheres com o mesmo corte de cabelo, mesmo corte de roupa, mesmas unhas, mesma cara, o mesmo bombado entrou na minha frente e beijou 5 delas... Eu desconfiava que fosse algo esquisito, mas não tanto... Me senti, mesmo com um short florido (Esse era meu) e com a camisa regata do show, um completo estranho. Quando o carinha de short escroto deu alguma ordem relacionada à beijo o ambiente se perdeu... estava aberto um mercado marroquino de venda e troca de salivas. Senti cheiro de lança-perfume, me dava alergia, fui me esgueirando pelo meio daquele monte de mesmas pessoas... Saí espirrando... Não era nem meia noite. O celular tocou, era uma menina nerdzinha da minha sala, como não tinha pego atendi... Não podia ser coisa ruim. Não era, eu tinha pego um livro emprestado com ela e ela precisava pegá-lo urgente. Essa menina era minha vizinha de prédio, disse que me esperaria na portaria, já que eu estava voltando pra casa. É, eu estava voltando pra casa... Cheguei no prédio em menos de 10 minutos e lá estava ela.. Nunca tinha visto ela "desarrumada". Era muito melhor, mas não me arrisquei em falar, os cabelos soltos davam um tom bem maior de mulher pois o rostinho de criança e seu óculos pareciam ser puxados junto com o cabelo quando ela usava rabo-de-cavalo, ou seja, todos os dias, ela também não estava com uma roupa super coberta como sempre... apenas um blusão de dormir que em permitiu ver aprtes do seu sutiã (Como eu amo isso...) e uma calça de dormir que revelou curvas que eu nunca tinha visto... Me interessei... Ela , eu, minha casa, livro dela e a minha blusa que ela deu uma risadinha de canto de boca quando viu, achou que eu não raparei, mas reparei, deixei passar, eu também ri quando li "MICAREFOLIA" ao comprá-la... Nome escroto. No elevador ela quebrou o silêncio primeiro, perguntou se eu gostava de axé, eu disse que não e ela riu novamente, lógico que não acreditou... Agora além de micareteiro eu era cara de pau... "Igualzinho aqueles outros da nossa sala..." Ela não falou isso, mas pensou... Eu vi. Convidei-a para entrar, não quis, insisti, não quis, ela aqueria aporra do livro, também enchi o saco e joguei do meio da sala pra ela na porta que teve uma certa dificuldade de pegá-lo, achei engraçado e ri... Ela se emputesseu e foi embora. Putz... Eu tava virando um Monstro! Tirei aquele outfit antes que fizesse outra merda e fechei a porta.Eu precisava fazer alguma coisa, ela não atendeu minhas ligações... Eu precisava pedir desculpas, mostrar que eu não tinha nada a ver com aquilo e talvez até pegá-la quem sabe... Ela poderia ter se decepcionado, eu não... Iria usar o meu charme e a CDzinha seria minha "com certeza"

Não foi. Não só ela, a grunge, a clubber, a surfistinha, a zen, a religiosa e a filha gatinha da faxineira que veio substituí-la essa semana, também não foram. Eu não tive sucesso nenhum, em nenhum desses dias, cada vez que vestia uma máscara me enganava, trupicava nos assuntos ou até me transformava num débil como no dia do abadá... Eu não sabia o que fazer, estava desesperado, me dava conta naquela hora, que a minha tara por possuir todas as mulheres do mundo era impossível, nunca conseguiria agradar a todas, mas eu queria, eu queria, faria de tudo, pirei naquela noite pensando no que eu deveria fazer... Matei um maço de cigarro e não me acalmei. Eu as queria, todas... No meio daquela loucura que eu louco diagnostiquei como crise de abstinência com um toque de síndrome de Don Juan, abandonado por Mercúrio, o mensageiro do amor, tomei remédios pra dormir...

Acordei com uma vontade imensa de matar o Chico Buarque.

6 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Figurinha repetida, hein, Mr. Queiroga!!

6:31 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Já li esse no seu antigo blog, né?!

Mas é muito bom! ;]

Beijoca!

8:38 AM  
Blogger Constanza disse...

conheci esse blog por causa do Gregório,
e agora to sempre visitando.
e esse, de verdade, achei SENSACIONAL!

adoro aqui!

beijo!

9:15 AM  
Blogger nagual1985 disse...

quem nao acorda com vontade de matar o chico buarque, neh

abraco, cara!

10:45 AM  
Anonymous Anônimo disse...

gostei, seu moço careca...
não é top 3, mas é top 6..
bjoca!
C.

9:10 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Post muito bom, apesar de eu já ter lido no seu antigo blog...
Você escreve tão bem como atua.
Beijos

3:19 PM  

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