
Lênis de Renoir
Como a maioria das manhãs da zona norte, chovia em Madureira e fazia frio, onze graus marcava o termômetro do calçadão, clima bom para sentar num café na rua Edgard Romero, frente à linha rodoviária, ler as notícias no jornal e sentir-se na Champs-Elisée.
Ele está agasalhado e veste sobretudo impermeável cinza e cachecol preto, calça preta, sapato cinza. Tons neutros. Ele caminha pelo calçadão passando pelas bonboniéres e chama-se Lênis por acidente. Seu nome deveria ser uma homenagem a Vladmir Ilitch Uliánov do subúrbio, mundialmente conhecido como Lênin.Ele é marrom e teve educação católica, mas nem por isso ele deixa de ser boa pessoa.
Hoje é um dia especial para ele.
A Estrada do Portela que dança aos acordes molhados do violinista sem guarda chuva é, hoje, de Lênis Francelino, ele será a personagem principal da próxima obra-prima de Jean-Charles Toufon do subúrbio, mundialmente conhecido como Renoir, que está no quinto andar do Madureira Shopping de onde tem visão panorâmica de toda Estrada do Portela, e está munido de papel Chanson e nanquim.
No momento em que Lênis parar diante do violinista e depositar moedas no chapéu do artista, Jean Charles rabiscará com seu pincel mágico para toda eternidade a existência deste marrom de média estatura, boa pessoa apesar da educação católica que veste neutro e passa pelas bonboniéres em passos largos para a daqui a um centênio. Lênis Francelino Moreira Silva, mundialmente conhecido como o Lênis de Renoir.
*Tudo em itálico está sujeito a erro.
*Tudo em negrito está sujeito a erro.
*Tudo que não for negrito nem itálicotambém está sujeito a erro.
5 Comentários:
HAHAHAHAHAH, GENIAL!
Remo, muito bom. Simples, claro e inteligente. Gostei de verdade! Sem exagero, sem prolixidade, na medida certa.
adorável!
Pensou poemas de bolso, pensou Trajano!
Remo,que surpresa encontrar você aqui!
um beijo da
Madalena
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