terça-feira, maio 02, 2006




Em meio à chuva de pétalas no centro da cidade, ele parou diante da massa em procissão e sentiu-se acuado. Foi quando a infância passou às suas costas.
Jesus Cristo de gesso! Gritou e viu um garoto de cinco anos ajoelhado frente à uma imagem de santo. Por São Judas Tadeu de gesso sentiu o carinho das mãos da avó, as mãos que descascavam maçãs saborosas em sobremesa, as mãos que no almoço do neto partiam o bife em pedaços pequenos,que às seis da tarde rezavam uma Ave-Maria de gesso, mãos que roçaram no Serro, mãos que serraram na roça, que eram lindas ficaram velhas, que eram velhas ficaram mortas. A procissão passa e leva tudo pela Avenida Presidente Vargas. Ele não. Ele fica. Ele sempre fica.

O papel dele na história é ficar parado e intenso diante dos fatos e das circunstâncias. É verdade que não sabe o que está fazendo num domingo católico em frente ao Campo do Santana, não sabe nem como foi parar lá,
mas ele está parado diante da massa em procissão debaixo da chuva de pétalas de rosas, ele odeia pétalas de rosas mas ainda não sabe, nem vai ter tempo de saber porque é uma personagem de um fragmento que começa segundos antes do plot point mais “puta que pariu” que já escrevi pois não leva a nenhum desfecho, nem era do meu interesse que levasse, e sim que já já ele lembrasse da avó e dos santos de gesso novamente até que a procissão passasse levando tudo só deixando ele.


Não sabe estar condenado a viver com um únicO e enfadonho fragmento de memória:



Infância



Melhor assim, vai doer menos.

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Salve Jorge?

10:36 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Mata-nos de curiosidade com esse esboço de começo super bem escrito ... Uau.

3:47 PM  
Anonymous Anônimo disse...

"Melhor assim, vai doer menos."
Adorei

7:00 PM  

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